Nos tempos modernos, a sociedade ocidental passou a admirar a espionagem da vida alheia como um atrativo televisivo. Podemos refletir sobre vários aspectos e analisar o reality show como o modelo de sociedade proposta. Que tipo de sociedade busca ser representada num Big Brother ou programas do gênero? Será que é a sociedade real ou a sociedade idealizada? E idealizada com qual objetivo? A Ditadura Civil-Militar (ainda irei postar um tópico sobre o conceito "Civil-Militar") nos legou uma herança cultural muito forte, a geração Xuxa, ou geração "bunda": uma supervalorização do corpo e uma desvalorização total do pensamento crítico-reflexivo. Uma das ferramentas utilizadas para essa desconstrução do conhecimento foi a exclusão das disciplinas de Sociologia e Filosofia durante os anos de chumbo e, por outro lado o investimento estatal na construção de grandes estádios de futebol - o "pão e circo" moderno.
Da mesma forma há essa supervalorização do corpo no reality show. Supostamente alguém "comum" que é "sorteada" para fazer parte de uma casa exposta até o último fio de cabelo, passa, da noite pro dia a ser a nova "namoradinha do Brasil", capa de revistas masculinas e tudo mais. Percebam que esse é o espelho que a Globo coloca para seus telespectadores: pra que estudar, conhecer o mundo e as relações que o regem, se basta ter um corpo bonito? É a mais pura expressão da alienação, traduzida em pílulas televisivas, um analgésico audiovisual para a transformação dos seres humanos em meros consumidores, comprando o modelo de beleza, comprando o tempo com a preocupação com a vida alheia, e a aceitação da total falta de privacidade. Dessa forma, a sustentação desse tipo de programa só se faz porque há um público consumindo essa idéia, nas escolas, faculdades, consultórios médicos, independentemente do nível do seu "diploma". Eles não estão apenas ligados no "paredão", e ligando para "escolher"o eliminado da próxima semana, o que enriquece a emissora e a operadora de telefonia; eles agem assim na sociedade, escolhendo o próximo a ser eliminado do emprego, escolhendo quem será tratado com dignidade e quem será discriminado.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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