quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A Dívida Externa dos Países Subdesenvolvidos

DISCURSO DO EMBAIXADOR DO MÉXICO (2002)

Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, defendendo o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc. Eis o discurso: "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento – ao meu país – com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento de juros. Consta no Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América. Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão. Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas. Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos. Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano “MARSHALL MONTEZUMA”, para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização. Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos? Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra. Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas. Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..." Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa. Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais. Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com juros civilizados.

Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE

Vídeos para reflexão...

Olá, esses vídeos utilizei nas 8.ª séries do Ensino Fundamental nos C.E. Alcyone Vellozo e C.E. João Turin... como prometido, postei o link para os alunos visualizarem quando quiserem (e puderem). A idéia é justamente causar impacto, chocar os alunos para que eles conheçam o mundo em que vivemos. Não é o mundo do Big Brother, nem das novelas ou filmes de Hollywood, é o mundo real, no qual as pessoas não valem o que são, mas o que tem $$$

A Verdadeira Evolução Social
http://www.youtube.com/watch?v=I9_blXWJmag

Anarquismo - Mostra Cultural 2007
http://www.youtube.com/watch?v=1z-J1FjHafA

A Ilha das Flores
http://www.youtube.com/watch?v=0V8eBvVzOqk&feature=related

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Folha de São Paulo - imprensa golpista

Capa da Folha no dia 16 de Abril de 1964 - 2 semanas após o Golpe
(Clique na imagem para ampliar)


A Folha de São Paulo, num claro posicionamento em relação às eleições presidenciais de 2010, reforça seu posicionamento golpista, ditatorial, de "pensamento único". Esse jornal que fez parte do Golpe Civil-Militar de 1964 no Brasil, por essa mesma razão, profere atualmente um discurso de que o Brasil não passou por uma Ditadura, mas por uma "Ditabranda". Ora, em tempos de mudanças ortográficas, coube a esse louvável veículo de comunicação criar mais uma palavra, que busca caracterizar o período obscuro do século XX em terras tupiniquins. Criaram o conceito de Ditabranda para justificar que tudo o que foi feito no Brasil nos Anos de Chumbo foi "necessário" e "não tão violento". Isso significa dizer que um pouco de violência é aceitável, muita não... talvez o que eles quisessem dizer realmente é que quando se é violento com os outros é aceitável... mas quando os outros o são com você... a coisa toda muda.
Mas, parando para analisar friamente, não podemos nos surpreender nem um pouco com esse posicionamento da Folha. Uma vez que ela fazia parte do grupo midiático que fez apologia ao golpe desde a volta de Getúlio ao poder em 1951, apoiou a tentativa de impedir a posse do vice presidente João Goulart quando da renúncia de Jânio e, por fim, exaltou o movimento de 1.º de abril de 1964 - que por razões óbvias foi datado em 31 de março -, tornando-se umas das porta vozes "oficiais" dos militares. Quando se fala que a imprensa não dizia nada porque estava censurada está se dizendo apenas meia verdade. Por que há uma diferença grande entre não poder falar e não falar porque não interessa dizer. E a imprensa brasileira, da Folha à Globo, da Abril ao Estadão, preferiram a segunda opção. E por quê? Porque a ditadura favoreceu os interesses de quem eles representam. A elite brasileira - a mesma que se diz nacionalista mas no primeiro sinal de movimentação popular vai pra Miami ou Mônaco. Portanto, concluo que realmente para Folha foi uma "Ditabranda"... porque quando se bate, quando você tem o chicote na mão e escolhe quem vai ser açoitado é sempre fácil... sempre brando!


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tempos do Grande Irmão

Nos tempos modernos, a sociedade ocidental passou a admirar a espionagem da vida alheia como um atrativo televisivo. Podemos refletir sobre vários aspectos e analisar o reality show como o modelo de sociedade proposta. Que tipo de sociedade busca ser representada num Big Brother ou programas do gênero? Será que é a sociedade real ou a sociedade idealizada? E idealizada com qual objetivo? A Ditadura Civil-Militar (ainda irei postar um tópico sobre o conceito "Civil-Militar") nos legou uma herança cultural muito forte, a geração Xuxa, ou geração "bunda": uma supervalorização do corpo e uma desvalorização total do pensamento crítico-reflexivo. Uma das ferramentas utilizadas para essa desconstrução do conhecimento foi a exclusão das disciplinas de Sociologia e Filosofia durante os anos de chumbo e, por outro lado o investimento estatal na construção de grandes estádios de futebol - o "pão e circo" moderno.
Da mesma forma há essa supervalorização do corpo no reality show. Supostamente alguém "comum" que é "sorteada" para fazer parte de uma casa exposta até o último fio de cabelo, passa, da noite pro dia a ser a nova "namoradinha do Brasil", capa de revistas masculinas e tudo mais. Percebam que esse é o espelho que a Globo coloca para seus telespectadores: pra que estudar, conhecer o mundo e as relações que o regem, se basta ter um corpo bonito? É a mais pura expressão da alienação, traduzida em pílulas televisivas, um analgésico audiovisual para a transformação dos seres humanos em meros consumidores, comprando o modelo de beleza, comprando o tempo com a preocupação com a vida alheia, e a aceitação da total falta de privacidade. Dessa forma, a sustentação desse tipo de programa só se faz porque há um público consumindo essa idéia, nas escolas, faculdades, consultórios médicos, independentemente do nível do seu "diploma". Eles não estão apenas ligados no "paredão", e ligando para "escolher"o eliminado da próxima semana, o que enriquece a emissora e a operadora de telefonia; eles agem assim na sociedade, escolhendo o próximo a ser eliminado do emprego, escolhendo quem será tratado com dignidade e quem será discriminado.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A História: Passado e Presente

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O objetivo de estudar História passa muito longe de viver de recordações ou memórias. A História é uma ciência que pesquisa o passado mas está envolvida ativamente com o presente da sociedade. Prova cabal disso é que os historiadores, por via de regra, estão envolvidos ativamente nos debates políticos, ou mesmo na militância política. Além de comprovar a ligação íntima entre passado e presente, também demonstra que a história não é neutra, nem tampouco pode explicar "tudo o que ocorreu no passado". O historiador, como um ser humano oriundo de um determinado grupo ou classe social, étnico, religioso, filosófico ou ideológico, faz perpassar em sua produção historiográfica, essa bagagem cultural que ele traz consigo. Metaforicamente, seu trabalho é como o burro que busca alçancar a cenoura que foi colocada com uma varinha bem a frente de seus olhos. A busca pela verdade é o objetivo, mas nunca será alcançado. Portanto, devemos entender a História como uma visão, um olhar sobre o passado que buscará enfatizar esse ou aquele aspecto, essa ou aquela classe social.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A razão de ser

Em tempos de "globalização" - conceito construído ao longo dos anos 1990 mas que Lenin já descrevia no início do século XX, chamando-a de Imperialismo - não podemos seguir o curso natural de adaptação do homem à tecnologia. Ao contrário, a tecnologia, produto do trabalho humano, é que deve adaptar-se às necessidades do homo sapiens. Tal qual os operários fabris no início da Revolução Industrial utilizaram-se da imprensa como meio de divulgação dos seus ideais e conscientização de seus iguais, penso ser necessário ir na contramão da indústria da (des)informação e emitir opiniões independentes. Independência essa que a grande mídia não possuí e jamais possuirá, uma vez que não trata-se de "compromisso com a notícia", mas do compromisso de que a notícia não desagrade os patrocinadores/acionistas ou seus pares nos empreendimentos capitalistas.
Esse espaço está aberto para debates democráticos, para uma relação dialética ou dialógica - como enfatiza Paulo Freire -, pois é na coletividade que se constrói o conhecimento. E que esse conhecimento seja utilizado em favor dessa coletividade.