
Ao estudarmos a trajetória histórica que o mundo ocidental percorreu desde o advento da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra, e sua conseqüente expansão pelo mundo até a crise do capitalismo industrial que levou ao acirramento da competitividade em tamanhas proporções que foram capazes de desencadear conflitos mundiais, jamais podemos nos esquecer do Imperialismo do século XIX. Esse Imperialismo objetivava justamente a expansão da indústria européia e estadunidense às custas da colonização, exploração e saque dos territórios daqueles povos considerados inferiores.
Essa história de inferiores já vimos antes... com a Expansão Marítima Européia nos século XV e XVI. Contudo, no século XIX o objetivo não é mercantilista, uma vez que a fase do Capitalismo Comercial já tinha sido superada. Vivíamos sob a égide do Capitalismo Industrial, que necessidade ampliar suas regiões fornecedores de matéria prima, buscar mão de obra barata e ampliar seu mercado consumidor. O Expansionismo europeu-estadunidense se traduziu em invasões dos territórios dos “selvagens” e massacre da população revoltosa. O fato mais marcante neste momento ocorreu já no século XX, em 1906, nas Filipinas:
"Com seiscentos engajados de cada lado, perdermos quinze homens e tivemos trinta e dois feridos — contando aquele nariz e aquele cotovelo. O inimigo chegava a seiscentos — incluindo mulheres e crianças — e nós os liquidamos completamente, não deixando sequer um bebe vivo para chorar por sua mãe morta. Esta é incomparavelmente a maior vitória já alcançada desde sempre pelos soldados cristãos dos Estados Unidos " (Gal. Leonardo Wood)
O presidente Theodore Roosevelt imediatamente cumprimentou o seu bom amigo general Leonard Wood, o que executou o Massacre Moro, escrevendo: "Congratulo a si e aos oficiais e homens sob o seu comando pelo brilhante feito de armas e que o senhor e eles sustentaram tão bem a honra da bandeira americana".*
Foi graças a todo esse massacre que a indústria euro-estadunidense pode expandir-se em proporções jamais imaginadas anteriormente, levando ao esgotamento das áreas de influência disponíveis para conquista.
Hoje, 2009, século XXI, vivemos algo muito parecido, ao menos que seja a mesma lógica. O Imperialismo atual está transfigurado, maquiado de algo benéfico: a “Globalização”. Se por um lado, o discurso que foi muito forte nos anos 1990, pregava a comunicação global e o intercâmbio cultural entre as diversas sociedades do planeta Terra, em termos econômicos – que é o que organiza e rege as relações e a organização dentro de qualquer sociedade – significa a liberdade para as Grandes Empresas – ou Grupos Econômicos – buscarem mão de obra barata nos países subdesenvolvidos, ampliarem o fornecimento de matéria prima e ganharem novos mercados consumidores – como foi a tentativa de implementação da ALCA. E mais uma vez o Ocidente invade, massacra e extorque as riquezas dos povos dos países historicamente saqueados. O que a invasão do EUA ao Iraque senão o mesmo Massacre Mouro de 1906? Será que George W. Bush queria levar a democracia ou retirar petróleo? Como dizem os economistas, o Capitalismo tem o poder de se renovar e fortalecer a cada crise. E percebemos que ele se renova para que as mesmas coisas continuem acontecendo...
Para finalizar, gostaria de refletir sobre as justificativas que sustentaram as colonizações desde o advento do Comércio na Europa em fins da Idade Média.
1. À época da Expansão Marítima, afirmava-se que os povos nativos da América e da África eram religiosamente inferiores – isso após a benevolência do Vaticano que reconheceu que eram pessoas que possuíam alma, mas uma alma impura, pois houve momentos em que os negros e os índios eram tachados como “sem alma”. Portanto, uma vez que a lógica “cristã” já tinha expurgado da vida medieval todos aqueles que discordavam do controle Eclesiástico na sociedade, foi facilmente justificável esse argumento da inferioridade religiosa – lembremos que aqueles que não eram cristãos eram chamados de “inimigos de Cristo”.
2. Durante o Imperialismo do século XIX a justificativa era da superioridade racional, cuja lógica buscou-se sustentar cientificamente por muitas décadas. Os asiáticos e os africanos poderiam ter sua terra roubava e suas riquezas extorquidas porque eram mais burros, talvez porque vivessem em regiões mais quentes e os neurônios se desenvolvam mais no clima temperado europeu.
3. Atualmente a lógica é um pouco diferente, mas de certa forma traduz toda essa história de exploração e saque. O Ocidente justifica o Neoimperialismo – ou Globalização – com argumentos políticos: nós somos democráticos enquanto o Oriente vive atrasado, sob reinados, monarquias, califados. Nossa cultura é mais aberta às outras enquanto eles são fechados... e por aí afora. Vejamos o caso da ONU que, teoricamente, deveria representar os interesses do mundo como um todo. Mas usa 2 pesos e 2 medidas quando julga e tenta impor sanções ao Irã, mas nada faz quando os EUA passa por cima de suas orientações para massacrar os iraquianos.
* Retirado de: http://resistir.info/mreview/editorial_mr_nov03.html
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