sexta-feira, 13 de março de 2009

Projeto Crise de 1929 e Crise Econômica Contemporânea

Olá alunos da 8.ª C do Colégio João Turin. Conforme combinado, estou deixando alguns links para análises da Crise Econômica Contemporânea. Qualquer dúvida me escrevam...

http://www.portalpopular.org.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=162:maria-da-conceicao-tavares-o-brasil-e-a-crise&catid=67:varios&Itemid=62

http://www.direito2.com.br/abr/2008/set/10/maria-da-conceicao-tavares-diz-que-crise-mundial-nao-atingiu-brasil


Esse especial do PSTU tem informações bem didáticas pra vocês... e já estabelece algumas relações entre a Crise de 1929 e a atual..

http://www.pstu.org.br/esp_crise.asp

http://educacao.uol.com.br/atualidades/crise-economica-norte-americana.jhtm

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3291804-EI6579,00-Para+Maria+da+Conceicao+sera+o+auge+da+crise.html

Irei colocar mais links... conforme for selecionando o material para vocês...

Segue abaixo o projeto:

COLÉGIO ESTADUAL JOÃO TURIN

8.ª Série Turma: C Disciplina: História

TRABALHO BIMESTRAL – 1.º Bimestre

Tema: A Crise de 1929 e a Crise Econômica Contemporânea (passado e presente)

OBJETIVOS (devem ser cumpridos na Crise de 29 e na Crise Contemporânea)
•Identificar os motivos (crise do modelo liberal);
•Identificar os lugares mais atingidos pelas crises;
•Identificar as medidas tomadas pelos Governos dos países mais atingidos;
•Compreender as conseqüências para a população (desemprego, fome, inflação, etc...);
•Identificar formas de organização popular surgidas na crise.

METODOLOGIA
•Trabalho escrito contendo:
-Introdução;
-Desenvolvimento;
-Conclusão;
-Referências;
-Anexos (fotos, charges, tabelas, gráficos, etc...)
•Debate em sala sobre o tema

AVALIAÇÃO
•Trabalho escrito – 1,5 pontos
•Debate em sala (domínio do conteúdo) – 1,5 pontos
•Total: 3,0 pontos

CRONOGRAMA
Entrega do trabalho e debate – 07/04 (quinta-feira)

Professor Daniel

quarta-feira, 11 de março de 2009

O futuro dos seres humanos é o que importa

Artigo de Lula publicado no jornal inglês Financial Times

O futuro dos seres humanos é o que importa

Para mim, o capitalismo nunca foi uma abstração, um conceito, mas uma realidade concreta, vivida.

Ainda menino, minha família abandonou a miséria rural do Nordeste brasileiro em direção a São Paulo. Minha mãe, uma mulher de extrema coragem e valor, deslocou-se, junto com seus filhos, para o grande centro industrial brasileiro em busca de uma vida melhor.

Minha infância não se diferenciou da de muitos meninos pobres. Empregos informais. Pouca educação formal. O único diploma escolar de toda minha vida foi o de torneiro mecânico, obtido em um curso do Serviço Nacional da Indústria.

Habilitei-me como um operário qualificado e passei a viver a realidade da fábrica. A vivência do mundo do trabalho despertou-me a vocação sindical. Participei do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, na periferia industrial de São Paulo. Fui seu presidente e, nessa condição, dirigi as grandes greves operárias de 1978-1980 que mudaram a cara do movimento operário brasileiro e tiveram grande influência na democratização do país, que vivia sob uma ditadura militar.

O impacto do movimento sindical no conjunto da sociedade brasileira, levou-nos a criar o Partido dos Trabalhadores, que reuniu operários, camponeses, intelectuais e militantes de movimentos sociais.

O capitalismo brasileiro, a partir de então, não nos aparecia apenas sob a forma de salários baixos, condições indignas de trabalho ou repressão da atividade sindical. Ele se expressava na política econômica e no conjunto das políticas públicas do Governo, mas também nas restrições às liberdades. Descobri, junto a milhões de outros trabalhadores, que não bastava reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Era fundamental lutar pela cidadania e por uma profunda reorganização econômica e social do Brasil.
Disputei e perdi quatro eleições antes de ser eleito Presidente da República em 2002.

Na oposição conheci profundamente meu país. Com intelectuais, discuti alternativas para uma sociedade que vivia na periferia do mundo o drama da estagnação e de uma profunda desigualdade social. Mas meu conhecimento maior do país foi no contato direto com seu povo nas Caravanas da Cidadania, que realizei percorrendo dezenas de milhares de quilômetros do Brasil profundo.

Ao chegar à Presidência deparei-me não só com graves problemas conjunturais mas, sobretudo, com uma herança secular de desigualdades. A maioria dos governantes, mesmo aqueles que realizaram reformas no passado, haviam governado para poucos. Pensavam um Brasil onde apenas um terço da população teria vez.

A herança que recebi não foi somente de dificuldades materiais, mas de arraigados preconceitos que ameaçavam paralisar nossa ação governamental e conduzir-nos à mesmice.

Não poderíamos crescer – dizia-se - e lograr estabilidade macro-econômica. Menos ainda crescer e distribuir renda. Teríamos de optar entre voltar-nos para o mercado interno ou para o externo. Ou aceitávamos as duras regras da economia globalizada ou estaríamos condenados a um isolamento fatal.

Em seis anos derrubamos esses mitos. Crescemos e logramos estabilidade macro-econômica. Nosso crescimento foi acompanhado da inclusão de dezenas de milhões brasileiros no mercado de consumo. Distribuímos renda para mais de 40 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha de pobreza. Fizemos com que o salário mínimo aumentasse sempre acima de inflação. Democratizamos o crédito. Criamos mais de 10 milhões de empregos. Impulsionamos a reforma agrária. A expansão do mercado interno não se fez em detrimento das exportações. Elas triplicaram em seis anos. Fomos capazes de atrair muitíssimos investimentos estrangeiros sem sacrificar nossa soberania.

Tudo isso nos permitiu acumular 207 bilhões de US$ em reservas e, assim, proteger-nos contra os efeitos mais destrutivos de uma crise financeira que, nascida no centro do capitalismo, hoje ameaça o conjunto da economia mundial.

Ninguém se aventura a predizer hoje qual será o futuro do capitalismo.
Como governante de uma grande economia dita “emergente”, posso dizer que tipo de sociedade espero que surgirá desta crise. Ela deverá privilegiar a produção e não a especulação. O setor financeiro deverá ter como função estimular a atividade produtiva. E deverá ser objeto de rigorosos controles nacionais e multinacionais por meio de organismos sérios e representativos. O comércio internacional estará livre dos protecionismos que ameaçam intensificar-se. Os organismos multilaterais reformados manterão programas de apoio às economias pobres e emergentes, com o objetivo de reduzir as assimetrias que marcam o mundo de hoje. Haverá uma nova e democrática governança mundial. Novas políticas energéticas e reformas do sistema produtivo e dos padrões de consumo garantirão a sobrevida do Planeta hoje ameaçado pelo aquecimento global.

Mas, sobretudo, espero um mundo livre dos dogmas econômicos que invadiram a cabeça de muitos e que foram apresentados como verdades absolutas.

Políticas anti-cíclicas não podem ser apenas adotadas quando a crise se desencadeou. Aplicadas com antecedência – como o Brasil fez – elas podem ser uma garantia para lograr uma sociedade mais justa e democrática.

Como disse no início, dou menos importância a conceitos e abstrações. Não estou preocupado com o nome que terá a organização econômica e social que virá depois da crise, contanto que ela tenha no centro de suas preocupações o ser humano.

Luiz Inácio Lula da Silva é presidente da República Federativa do Brasil.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Imperialismo e Globalização


Ao estudarmos a trajetória histórica que o mundo ocidental percorreu desde o advento da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra, e sua conseqüente expansão pelo mundo até a crise do capitalismo industrial que levou ao acirramento da competitividade em tamanhas proporções que foram capazes de desencadear conflitos mundiais, jamais podemos nos esquecer do Imperialismo do século XIX. Esse Imperialismo objetivava justamente a expansão da indústria européia e estadunidense às custas da colonização, exploração e saque dos territórios daqueles povos considerados inferiores.

Essa história de inferiores já vimos antes... com a Expansão Marítima Européia nos século XV e XVI. Contudo, no século XIX o objetivo não é mercantilista, uma vez que a fase do Capitalismo Comercial já tinha sido superada. Vivíamos sob a égide do Capitalismo Industrial, que necessidade ampliar suas regiões fornecedores de matéria prima, buscar mão de obra barata e ampliar seu mercado consumidor. O Expansionismo europeu-estadunidense se traduziu em invasões dos territórios dos “selvagens” e massacre da população revoltosa. O fato mais marcante neste momento ocorreu já no século XX, em 1906, nas Filipinas:

"Com seiscentos engajados de cada lado, perdermos quinze homens e tivemos trinta e dois feridos — contando aquele nariz e aquele cotovelo. O inimigo chegava a seiscentos — incluindo mulheres e crianças — e nós os liquidamos completamente, não deixando sequer um bebe vivo para chorar por sua mãe morta. Esta é incomparavelmente a maior vitória já alcançada desde sempre pelos soldados cristãos dos Estados Unidos " (Gal. Leonardo Wood)

O presidente Theodore Roosevelt imediatamente cumprimentou o seu bom amigo general Leonard Wood, o que executou o Massacre Moro, escrevendo: "Congratulo a si e aos oficiais e homens sob o seu comando pelo brilhante feito de armas e que o senhor e eles sustentaram tão bem a honra da bandeira americana".*


Foi graças a todo esse massacre que a indústria euro-estadunidense pode expandir-se em proporções jamais imaginadas anteriormente, levando ao esgotamento das áreas de influência disponíveis para conquista.

Hoje, 2009, século XXI, vivemos algo muito parecido, ao menos que seja a mesma lógica. O Imperialismo atual está transfigurado, maquiado de algo benéfico: a “Globalização”. Se por um lado, o discurso que foi muito forte nos anos 1990, pregava a comunicação global e o intercâmbio cultural entre as diversas sociedades do planeta Terra, em termos econômicos – que é o que organiza e rege as relações e a organização dentro de qualquer sociedade – significa a liberdade para as Grandes Empresas – ou Grupos Econômicos – buscarem mão de obra barata nos países subdesenvolvidos, ampliarem o fornecimento de matéria prima e ganharem novos mercados consumidores – como foi a tentativa de implementação da ALCA. E mais uma vez o Ocidente invade, massacra e extorque as riquezas dos povos dos países historicamente saqueados. O que a invasão do EUA ao Iraque senão o mesmo Massacre Mouro de 1906? Será que George W. Bush queria levar a democracia ou retirar petróleo? Como dizem os economistas, o Capitalismo tem o poder de se renovar e fortalecer a cada crise. E percebemos que ele se renova para que as mesmas coisas continuem acontecendo...

Para finalizar, gostaria de refletir sobre as justificativas que sustentaram as colonizações desde o advento do Comércio na Europa em fins da Idade Média.


1. À época da Expansão Marítima, afirmava-se que os povos nativos da América e da África eram religiosamente inferiores – isso após a benevolência do Vaticano que reconheceu que eram pessoas que possuíam alma, mas uma alma impura, pois houve momentos em que os negros e os índios eram tachados como “sem alma”. Portanto, uma vez que a lógica “cristã” já tinha expurgado da vida medieval todos aqueles que discordavam do controle Eclesiástico na sociedade, foi facilmente justificável esse argumento da inferioridade religiosa – lembremos que aqueles que não eram cristãos eram chamados de “inimigos de Cristo”.


2. Durante o Imperialismo do século XIX a justificativa era da superioridade racional, cuja lógica buscou-se sustentar cientificamente por muitas décadas. Os asiáticos e os africanos poderiam ter sua terra roubava e suas riquezas extorquidas porque eram mais burros, talvez porque vivessem em regiões mais quentes e os neurônios se desenvolvam mais no clima temperado europeu.


3. Atualmente a lógica é um pouco diferente, mas de certa forma traduz toda essa história de exploração e saque. O Ocidente justifica o Neoimperialismo – ou Globalização – com argumentos políticos: nós somos democráticos enquanto o Oriente vive atrasado, sob reinados, monarquias, califados. Nossa cultura é mais aberta às outras enquanto eles são fechados... e por aí afora. Vejamos o caso da ONU que, teoricamente, deveria representar os interesses do mundo como um todo. Mas usa 2 pesos e 2 medidas quando julga e tenta impor sanções ao Irã, mas nada faz quando os EUA passa por cima de suas orientações para massacrar os iraquianos.


* Retirado de: http://resistir.info/mreview/editorial_mr_nov03.html